Já ouvi muitos dizerem – e eu mesmo disse – palavras na fórmula geral: “Ah, não quero reclamar de (insira problema ou preocupação), mas em comparação com (insira guerras, os últimos tiroteios, desastre, fome ou outra coisa horrível), meu problema é tão pequeno. Eu me sinto mal só de mencionar isso a Deus.”
Então, outra noite eu estava orando por todas as minhas preocupações e por todas as da minha família, amigos e pessoas dirigidas, bem como por todos os problemas do mundo. Então comecei um Rosário. Adormeci por volta da segunda década.
Mas a oração continuou como uma contemplação inaciana enquanto eu dormia, porque no meu sonho era como se eu estivesse ali, vivendo e respirando naquele lugar.
Eu estava em um casamento. Pelo calor, pelas roupas e pela poeira na minha língua, concluí que estava nos tempos bíblicos. Houve um grande barulho de conversas animadas, risadas e alegria geral. O cheiro de carne perfeitamente assada flutuava no ar quente, acompanhado pelo cheiro de vinho. À medida que mulheres e homens passavam, perfumes fortes fundiam-se com o cheiro da transpiração. Estava quente e abafado na tenda. Apesar da atmosfera alegre, pude sentir uma preocupação intensa vindo da lateral da tenda perto de mim. Virei-me e vi um homem e uma mulher mais velhos sussurrando com olhares preocupados em seus rostos. A mulher tinha lágrimas nos olhos. Eles estavam muito preocupados com alguma coisa.
Minha atenção foi atraída para o outro lado da sala, onde uma criança começou a chorar. Sua mãe cuidou do arranhão em seu joelho. Atrás dele estava Maria, que sussurrava para Jesus e sutilmente acenava com a cabeça para o casal preocupado perto de mim.
Jesus olhou Maria nos olhos e seus olhos refletiram a preocupação dela. Ele saiu silenciosamente e foi para trás de uma cortina onde os servidores entravam e saíam.
Neste ponto do sonho, tomei consciência de onde estava. Com a minha consciência, acordei com a luz da lua entrando no quarto.
Perguntei-me por que havia sonhado com as Bodas de Caná e o que eu deveria tirar disso. Na minha opinião, os holofotes estavam nos rostos do casal preocupado e nos rostos de Maria e Jesus. Não pude esquecer os olhares ao testemunhar Maria trazendo sua preocupação a Jesus.
Isso me fez pensar como Maria sabia que Jesus poderia fazer algo a respeito. O que ela sabia? O que ela experimentou antes daquele primeiro milagre público?
Também ponderei por que ela estaria preocupada com essa situação. No esquema das coisas, não era grande coisa. Mas para esta família era um grande negócio. Ficar sem vinho tão cedo na recepção seria uma vergonha para eles. Haveria um constrangimento intenso e uma queda no status social. As pessoas sussurravam. As implicações afetariam profundamente esta família. Maria entendeu. Jesus entendeu. E ele fez algo a respeito.
Cada vez que estamos sobrecarregados de preocupações e não queremos “incomodar” Jesus com elas, nós lutamos contra Deus. Deus tem a capacidade de se preocupar com tudo isso – grandes e pequenos – ao mesmo tempo. Não há necessidade de distribuir nossas preocupações para não sobrecarregarmos Deus ou para que possamos deixá-lo se concentrar em questões maiores em outro lugar. Deus se importa em ouvir cada uma de nossas preocupações – grandes e pequenas.
Imagem: “ As Bodas de Caná ” de Nicholás Correa, domínio público, via Wikimedia Commons